quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Por que não seguir?


Freqüentemente, olhando a comporta na minha cidadezinha no interior Paulista, divisa com Paraná, em meio a fragmentos de lembranças, poemas, frases, pensamentos... Olhava na direção da estrada por onde vim e percebia um caminho a muito conhecido.

Olhava para o outro lado e me perguntava: como será por lá?


Será que a próxima cidade, já no outro estado esta bem próxima?

Imaginava a cena daquele filme “Um amor pra Recordar” em que o mocinho levava a mocinha na divisa de duas cidades e pedia que ela colocasse os pés, um de cada lado da estrada, para que ela pudesse estar em dois lugares ao mesmo tempo! (achei aquela cena incrível... ainda não tinha imaginado uma forma de se estar em dois lugares ao mesmo tempo fisicamente).

Num domingo lindo de sol, fui mais vez ver e ouvir o movimento da água naquela comporta.

Naquela semana tinha lido um texto de Dalai Lama em que dizia:


“Uma vez por ano, vá a algum lugar onde nunca esteve antes!”


.

Olhei mais uma vez a estrada para onde nunca tinha ido e então pensei, por que não começar hoje? Por que não seguir?

Naquele momento aquilo ecoou na minha mente e então sem olhar pra traz, sem pensar para onde estaria indo ou se tinha combustível suficiente... Segui!

Era uma estrada estreita, quase rural porem asfaltada. Não me lembro ao certo, mas foram cerca de 7 a 11 km até a pista e mais alguns até a cidade mais próxima.

Na cidade não encontrei nada muito novo.

Era apenas uma cidade pequena e simples como todas do interior, poucas pessoas na rua, meninos empinando pipa, vizinhos conversando ao varrer a frente de suas casas, uma praça ao lado de uma bonita igreja e na pracinha, sentados no chão, haviam um grupo de uns cinco jovens emos tomando tereré e rindo muito.

Mas o que realmente me chamou a atenção foi à sensação!

A sensação de seguir um caminho sem rumo, sem hora pra voltar, sem compromisso marcado, sem saber como vai ser a próxima curva, com o vento no rosto, a paisagem e o sentimento do NOVO.

Você já parou pra pensar que gostaríamos de conhecer o mundo inteiro e, muitas vezes, não conhecemos nem o que está ao nosso alcance... Assim, bem do ladinho, nossos vizinhos, nossas ruas paralelas, as praças ou pontos de lazer dos bairros próximos e as cidades ao redor da sua.

Quantas vezes nos limitamos a seguir o mesmo caminho todos os dias, a freqüentar os mesmos lugares no fim de semana?

Já se propôs a seguir em frente pelo outro caminho naquela bifurcação na estrada só pra ver onde vai dar (mesmo que a placa indique a próxima cidade, só pelo fato de você nunca ter ido pra lá)?

Quantas vezes você já saiu de casa assim, consigo mesmo, ou mesmo acompanhado para ir a algum lugar em que nunca foi antes?

Experimentar a quebra da rotina, conhecer novos lugares pode ser muito prazeroso... Afinal, por que não seguir?

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Meu momento!


Sempre gostei de escrever, porem com a correria do dia-a-dia fui deixando de colocar minhas idéias no papel ou no PC e hoje me dou conta que deixei de fazer muito mais do que isso... Deixei também de pensar!


Pode parecer estranho, mas sim, deixei de pensar na vida, no porque das coisas, analisar as situações, meus sentimentos.

Sonhava, mas muitos sonhos deixei na gaveta junto a outros projetos como se os sonhos pudessem se concretizar sozinhos.

Comprava livros que queria ler e os deixava na estante esperando arrumar um tempo (ou passar a preguiça) para mergulhar numa história nova.

E assim fui fazendo com quase tudo, inclusive com relacionamentos, levando como dava, fazendo somente o necessário para VIVER, mas não EXISTIR!

Quando me encontrei comigo mesma nova fase da minha vida, pude perceber muitas coisas das quais convivi durante anos cegamente, e a maioria delas estavam dentro de mim.

Percebi que precisei morar sozinha para aprender a me relacionar com a família!

Percebi que precisei voltar para aprender a ser sozinha... Apreciar minha própria companhia!

Que o alto-amor é uma lição diária e constante!
Que sentir e escutar os sentimentos são necessários, pois eles não possuem mascaras!
Aprendi que ninguém machuca agente se agente não deixar mas é necessária muita razão e perdão para não ser “magoável”!
Aprendi que o melhor conselho vem da consciência!
Que os melhores amigos são os pais!
Que não importa o quanto nossos pais erram conosco, eles merecem sempre o nosso perdão estão sempre tentando "acertar" conosco!
Percebi que muitas vezes não sabemos o que fazer com "tanto amor pra dar”. Mas por que não darmos a nós mesmo?
Percebi que ninguém tem a responsabilidade de ME FAZER FELIZ... Isso cabe a mim!
Percebi que os amigos permanecem em nossa vida somente o tempo suficiente para nos trazer valiosas lições, depois partem... Seguem suas vidas, e não é errado sentir saudades, mas não podemos querer que eles fiquem para sempre! (por isso não devemos sofrer!).
Percebi que a distância também pode ser algo bastante relativo. Já percebeu como podemos estar próximos de amigos virtuais e distantes de velhos amigos que vemos freqüentemente?
Percebi que reler textos e poemas antigos pode resgatar algo bom em você.
E que as únicas pessoas que realmente merecem a sua companhia são as que estão por perto pelo que você é e não pelo que você tem.
Aprendi que se pode amar mais de uma vez, mas aquele que te transformar no melhor que você pode ser certamente será inesquecível!
Aprendi que amar como quem pula de um precipício de olhos fechados pode causar os maiores tombos, mas se souber não guardar magoas, vai ser eternamente grata por ter VIVIDO!
Enfim, percebi e aprendi muitas coisas... E quanto mais eu me questiono, mais concordo com Sócrates quando disse "Só sei que nada sei", porem estou numa busca constante do aperfeiçoamento do meu ser, da minha “individuação”, da observação do meu eu interior, meu self... o qual inspirou o título deste blog.

O Self é o centro de toda a personalidade, o principal arquétipo do inconsciente coletivo, assim como o Sol é o centro do sistema solar. O objetivo de toda personalidade é chegar ao autoconhecimento, que é conhecer o próprio Self.

Segundo Carl G. Jung: “O Self representa o objetivo do homem inteiro, a saber, a realização de sua totalidade e de sua individualidade, com ou contra sua vontade. A dinâmica desse processo é o instinto, que vigia para que tudo o que pertence a uma vida individual figure ali, exatamente, com ou sem a concordância do sujeito, quer tenha consciência do que acontece, quer não”.




Assim, todo indivíduo possui uma tendência para a Individuação, para tornar-se um ser único, homogêneo, realizando o Si-Mesmo (Self- Selbst).

E é assim... Através dos livros, dos amigos, dos amores, das experiências vividas, da minha consciência e da indagação do meu ser que eu sigo aprendendo a EXISTIR um pouco mais todos os dias.

E quando termina o dia e eu "pego" estrada com minha moto a caminho de casa, observando a paisagem ao entardecer, agradeço a Deus pela minha vida e só consigo lembrar neste momento de uma musica que conheci através do meu pai:




"Eu apenas queria que você soubesse
Que aquela alegria ainda está comigo
E que a minha ternura não ficou na estrada
Não ficou no tempo presa na poeira

Eu apenas queria que você soubesse
Que esta menina hoje é uma mulher
E que esta mulher é uma menina
Que colheu seu fruto flor do seu carinho

Eu apenas queria dizer a todo mundo que me gosta
Que hoje eu me gosto muito mais
Porque me entendo muito mais também

E que a atitude de recomeçar é todo dia toda hora
É se respeitar na sua força e fé
E se olhar bem fundo até o dedão do pé

Eu apenas queira que você soubesse
Que essa criança brinca nesta roda
E não teme o corte de novas feridas
Pois tem a saúde que aprendeu com a vida

Eu apenas queria que você soubesse
Que aquela alegria ainda está comigo
E que a minha ternura não ficou na estrada
Não ficou no tempo presa na poeira

Eu apenas queria que você soubesse
Que esta menina hoje é uma mulher
E que esta mulher é uma menina
Que colheu seu fruto flor do seu carinho

Eu apenas queria dizer a todo mundo que me gosta
Que hoje eu me gosto muito mais
Porque me entendo muito mais também"

(Eu apenas queria que você soubesse - Gonzaguinha)




Ps: Estou lendo um livro incrível que recomendo a todos e em breve postarei sobre ele: “Escutando Sentimentos – a atitude de amar-nos como merecemos” de Wanderley S. de Oliveira pelo Espírito Ermance Dufaux.






Bjus a todos, fiquem com Deus!